domingo, 10 de fevereiro de 2008

Só a primeira

20h

- Olha só, Leo... faz o seguinte: o ônibus que você pega passa na Central?
- Cara, não sei. Acho que passa sim, mas não tenho certeza. Sabe a esquina da Avenida Passos?
- Pô, cara... se o seu ônibus entra na Passos, ele passa na Central com certeza, com certeza. Então vamo combinar às 10h30 na Central, porque é mais tranqüilo. Na esquina da Passos é meio perigoso.
- Ah... e na Central, às 10h30 da noite é tranqüilo pra caralho... Cê tá de sacanagem, né? Mas assim... na altura da Central, mas no outro lado da Presidente Vargas, né? Sentido Zona Sul.
- Isso, isso... Dez e meia lá, beleza?
- Tranqüilo.
- Um abraço.
- Abraço.

21h15

Esse foi o combinado por telefone. Era a primeira festa que a gente teria na faculdade. A Econnection não era bem nossa (calouros), era de toda a faculdade, mas como estávamos entrando na parada, nada mais natural que fôssemos os mais empolgados. Então, ao lado da (sempre presente) arrozada, fomos os que mais aderimos à ocasião.

Ingresso comprado com antecedência, garantia de que boa parte do pessoal estaria presente e, àquela altura, até carona já estava certa. Só restava chegar na hora no local combinado e não deixar o cara esperando porque, porra... mó vacilo. Imagina deixar o rapaz parado na Presidente Vargas, às 10h30 da noite, sem ter onde estacionar. Queimação não, hein! O maluco já está sendo camarada de fazer esse favor, o mínimo que eu poderia fazer era me adiantar e garantir que o cara não fosse ficar me esperando. Para isso, eu precisava chegar um pouco antes.

O 730-D demorou uns 20 minutos pra passar e, naquele momento, aquilo significava que eu estaria no local combinado lá pelas 10h15 (perfeito - vai que o cara se adianta e chega antes). Dito e feito: dez e quinze o ônibus apontava na Presidente Vargas e eu avistava o prédio dos Correios - tá na hora de descer.

Eis o quadro: já passava das dez de uma terça-feira e eu estava sozinho no meio da Presidente Vargas. Do outro lado, a Central, iluminada e com algumas almas aguardando suas conduções para casa. Nada que me tranqüilizasse tanto assim. Sabe como é... é tanta coisa que a gente lê, ouve e assiste nos telejornais. Será que o maluco demora?

Se eu ainda tivesse um celular... Talvez tivesse sido melhor mesmo ter chegado em cima da hora. O cara, ao menos, está de carro e não ia ficar em pé aqui, exposto. Pô... 10h30. O cara já deve estar chegando. Fica frio. Olha prum lado... nada. Olha pro outro, nada além de uns garotos com suas caixinhas de balas. Mas o que é que essa gente faz por aqui a uma hora dessas!? Eu hein...

Porra... 10h33. Parece que já se passaram 90 minutos...

10h34
10h35
10h36
...
10h45
10h46
10h47

Caralho, maluco!! Cadê esse corno!? Na boa, a primeira coisa que eu vou fazer quando chegar em casa, é dizer que eu PRECISO de um celular. Puta que pariu! Mas tá tranquilo. Não parece que vai acontecer nada por aqui mesmo. De repente o cara teve algum imprevisto. vai que o carro quebrou, vai que ele teve que pegar mais alguém no caminho. Sei lá... sacanagem pensar assim também. Ele já vai chegar.

10h50
10h55
11h00

- Moço! Oi! O senhor sabe que ônibus eu pego pra Copacabana?
- Pega o 455.
- O senhor sabe se ele passa na Bunker?
- Hein?!
- (pfffffffffffff) Valeu! Obrigado!

Será que o cara foi direto pra Bunker?! Que filho da p***, mermão! Isso que dá marcar as paradas com playboy. Em Niterói ou na Ilha, é tudo a mesma merda.

Era 11h10, quando uma Parati preta liga a seta e encosta. E essa foi a primeira vez que eu vi o André juntar as mãos (em sinal de "amém") e fazer cara de "Me desculpa". Só a primeira vez.

3 comentários:

Maíra K. disse...

Só a primeira mesmo... já esperamos muuuuuuuito o André em diversas ocasiões... hehehehe!

Andy disse...

Tenho certeza que vc nunca mais foi o mesmo depois disso.

Leo Pinho® disse...

Não... nunca mais fui o mesmo. Depois, eu já me prevenia porque sabia que tu ia te atrasar. A questão era saber quanto tempo mais eu ficaria esperando, seu merda!!!