sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Músicas, músicas e músicas

Esse papo de música é um treco interessante. Pra mim, mais do que sequências melódicas acompanhadas ou não de letras, se ela for relevante, vai me fazer reviver algum momento marcante ou alguma pessoa que, por alguma razão, em maior ou menor grau, deixaram sua marca na minha história.

Nesse contexto, lanço o Ecoínos tracklist - 1. Se você é um ecoíno, teve a galera 98-2 na sua trajetória e não está aí, fica frio porque pode pintar nas próximas edições. Se liga:

Alexandre: Last Kiss (Pearl Jam)
André: I will survive (Gloria Gaynor)
Bebê: Vem fazer glu glu (Sérgio Mallandro)
Bito: Maluco Beleza (Raul Seixas)
Carlinha: Doidinha (Farofa Carioca)
Carol 22: Namorinho de portão (Penélope)
Christiano: Chatuba de Mesquita (Chatuba de Mesquita)
Cid: Debaser (Pixies)
Cris: Olhar 43 (RPM)
Dani Ju: One (U2)
David: Save Tonight (Eagle-Eye Cherry)
Dedé: Pride (In the name of love) (U2)
Dudu: Rock the Casbah (The Clash)
Eric Nariz: Xibom Bombom (As meninas)
Fafinha: Invisible Touch (Genesis)
Fasano: The Rockafeller Skank (Fatboy Slim)
Flávia: I want it that way (Backstreet boys)
Flávio: Strawberry Fields (The Beatles)
Gisele: Melô da Poposuda (De Falla)
Godinho: Everlong (Foo Fighters)
Julia: Rehab (Amy Winehouse)
LHA: Zombie (The Cranberries)
Luiza: Good guys don't always wear white (Bon Jovi)
Maíra: Pretty Fly (For a white guy) (The Offspring)
Marcos Kanhan: Deixar Rolar (Marcos Kanhan)
Marinão: Mr. Jones (Counting Crows)
Márvio: Slash and Burn (Manic Street Preachers)
Oswaldo: It's the end of the world as we know it (REM)
Silvia: If you could only see (Tonic)
Thais: Fake Plastic Trees (Radiohead)
Tiazinha: Fells so good (Sonique)
Vivi Queiroga: Rap do Trabalhador (Magalhanze)

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Pra lá de Torta – o dia que a ECO acabou com uma das principais atrações do Guapo Loco – Parte 2

Continuando...

Vendo o estado daquelas duas subindo cambaleantes as escadas que davam acesso aos banheiros do Guapo, uma delas com o cabelo vomitado e a outra a ajudando a subir com a mão justamente em cima da porqueira, eu ri. Meu Deus... até que profundidade um ser humano pode chafurdar na lama? Hehehehe

A resposta quem me deu foi Débora, amiga das duas, que conseguiu ir além na porquice. Não, ela não estava vomitando (ainda), mas na primeira vez que a avisto no Guapo, ela já estava agarrada com o Bruno, um Zé Mane que escrevia no Timelei. Poucas coisas nessa vida podem ser mais lamentáveis e pender tanto contra a reputação de uma mulher quanto essa. Pergunta se ela vomitou no final da festa.

Então recapitulando: Vivi sóbria, Larriza doidona, Marcela e Letícia mostrando que vômito é mais eficiente do que argamassa para sedimentar uma relação de amizade e Debrinha pegando uma virose, por assim dizer. É informação demais para uma cabeça só. Sem ter colocado uma gota de álcool sequer na boca, EU já estava meio torto.

A bela das costelas

Bom... dança pra lá, papeia pra cá, até que já era pra lá das 3 da matina, estamos eu e Christiano – que a essa altura já não estava mais pegando a “caloura Silvia” – conversando na “esquina” do Guapo. Pra quem não conhece, o Guapo Loco é uma casa de esquina e lá dentro ela se reproduz, formando uma quina no espaço reservado para mesas, enquanto a pista é um quadrado de canto.

Lá estávamos eu e Christiano de papo, quando uma dúvida surge. Já havia algum (bom) tempo que chamava a minha atenção uma menina que já não estava sentada à mesa, mas debruçada sobre ela. Lembra da época de criança, quando a tia dizia “Todos de cabeça baixa!” e geral obedecia com medo? Era algo mais ou menos assim que estava acontecendo ali, mas quem mandava a menina abaixar a cabeça era o Tio Fígado.

- Christiano, quem é essa pobre coitada? A mulher ta deitada aí quase a noite toda!

- Cara, acho que é a “Caloura Irene”.
- Quem?!
- A Caloura Irene.
- Sei quem é não.

- Ih... ta de bobeira, Leo. Irene é sensacional.
- Cara, daqui e da forma como ela se encontra, o que posso dizer é que ela tem uma coluna maneira e um cabelo bem tratado.

O efeito dominó

Nesse momento, a pretensa Irene, pobre menina, começa a mexer seu corpo, com se chamasse ele, Raul. Mas antes disso, é preciso que você entenda o cenário. Irene estava numa mesa bem na quina e tinha a gente em pé ao seu lado. Do outro lado, na nossa direita, numa mesa estavam dois casais acabados, um deles era Debrinha e sua Vergonha. Na mesa mais adiante, estavam mais 3 calouras, também esperando o juiz abrir contagem.

Irene não resistiu, mas pelo menos teve a dignidade de virar para o lado e vomitar no chão, provocando um “Ô caralho!!!” do Christiano, que se encontrava ao lado dela e precisou dar um pulinho pra não ser atingido. O que era pra ser um show solo tornou-se um encontro de tenores.

Débora estava de frente pra Irene, não resistiu à cena e foi à lona em cima da própria mesa – até hoje não se sabe se a causa vomitus da Débora foi a Irene ou um segundo de sobriedade que fez com que ela visse quem estava pegando. Bruno, seu peguete, viu aquela cena e também perdeu, também em cima da mesa. A mesma reação acometeu o casal que com eles dividia a mesa, ou seja, só essa mesa já reunia quatro panquecas ao maior estilo Jackass, servidas sequencialmente, como em todo bom rodízio dessas porcarias que se come por aí. A mesa ao lado não resistiu e replicou a cena mais 3 vezes. Voilá! Agora pode mandar o Johnny Rotten entrar!

Daí pra frente, o que se viu foi a intensa remoção dos corpos para o Miguel Couto, amigos solidários, veteranos interessados e tudo mais.

No final das contas, o raio do caixa ainda me vem cobrar 10%. Tenha santa paciência.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

A verdadeira história de Vivi Queiroga

Por Vivi Queiroga - a Cachaceira

Eu tinha um sonho: Ser aluna de Comunicação da UFRJ! Era o sonho de uma adolescente, que já tinha uma irmã na ECO, que já ouvia histórias do laguinho, do teatro de arena, do ENECOM, já tinha ido a uma festa junina e queria tudo igual! Só que alguns pontos a menos adiaram esse sonho e eu tive que entrar pra UERJ (só três meses depois recebi a carta da reclassificação!).

Mas nem tudo estava perdido! Porque foi no Brizolão que me formei, fiz tb muitos amigos e iniciei minha carreira boemia! Mas o que eu também não sabia é que esse acidente de percurso me faria vivenciar as experiências mais divertidas da minha vida universitária – ser uma aluna da ECO e da UERJ.

A UERJ não tinha Laguinho, Sujinho e Festa do Hagen, mas tinha Loreninha, Vinholada no Teatrão e Festa do Abel (em Vila Valqueire!). A ECO não tinha DJ Cris, Festa Brega e ônibus de graça pro ENECOM, mas tinha COMA (em Marechal!), Churrascom e Festa de Calouros!

Mas tinha uma coisa que as 2 tinham em comum! E que foi responsável pela minha inserção nas duas faculdades: A adoração pelo MC Magalhães!

Este ícone contemporâneo, saído da Zona Oeste para o mundo, que movimenta massas de fãs enlouquecidos com sua poesia profética: “O Cesar Maia quebrô a firma, todo mundo duro Cesar Maia”.

E ao contrário do que o Léo diz, que eu preferi estudar no Brizolão, eu comecei a minha Vida dupla embalada pelo Rap do trabalhador!

Na UERJ fui uma caloura que se destacou por ter ido a um show do MC Magalhães e saber cantar o hino dos povos! O Rap do Trabalhador era o símbolo da Faculdade de Comunicação da UERJ! Hasteávamos a bandeira toda manhã cantando essa pérola da música funk brasileira!

Na ECO minha história começou parecida! Não foi no dia da inscrição em disciplinas, quando fui interceptada por 2 veteranos fazendo cara de mau, que dessa vez não estavam ali para constranger, mas me deixaram assustada! Logo eu, uma caloura de segunda viagem! Minha história começou exatamente em agosto de 1999, em solo Alagoano! Eu, pós-caloura de UERJ, marrenta, bêbada, andando pelas ruas de Maceió, vejo um típico rapaz nórdico: cabelo bem loiro, olhos azuis - E ele se destacava no meio da multidão de “pessoas acima de Niterói”, mas o que mais chamou minha atenção foi que ele pulava e cantava sem parar o “hino sagrado”: “Na, na, na, na, na Magalhaezê. Tomaro sua caixa de bombom-ô...”!

Me indignou ouvir a música sagrada sair da boca daquele nórdico e o interceptei:

- Ei, quem é você?
- Pq vc quer saber?
- Eu quero saber pq vc tá cantando o funk do Magalhães? O Magalhães é da UERJ!
- O que??? O Magalhaes é de quem??? O Magalhães é da ECO! Hahahahaha

E foi nessa briga de quem era o dono do Magalhães que eu conheci meu amigo querido Fábio Bebê Campos!!!

A partir daí foi uma festa! Parecia que no ENECOM só tinha aluno da ECO! Pq minhas amigas e eu (amigas essas que tanto freqüentaram a ECO posteriormente) para onde íamos, conhecíamos alguém de lá.

Destaque para o Christiano e Daniel, que vim saber depois serem os nomes dos veteranos que me interceptaram no dia da inscrição! Com ressalvas para o Daniel, que lembrava meu nome e o número de matrícula. Isso foi assustador para uma agora caloura da ECO, bêbada, no ENECOM de Maceió.

E essa é a verdade história desse relacionamento duplo que vivo até hoje! Depois daquele ENECOM minha vida e de minhas amigas (Karem, Larriza, Vomitona*, Rubinha*, a menina que bebia e a bunda crescia* etc) nunca mais foi a mesma! O bonde da UERJ, que tem carro bege, estava em todas as festas, choppadas, churrascos, bolinhos e afins! Mas essas são histórias pra outros posts!

PS1: Esse post é dedicado “a ele”, o poeta das massas, nosso querido MC Magalhães. Pois sem ele eu não estaria aqui hoje!

PS2: Alguns nomes foram ocultados para preservar as personagens!
PS3: Rap do Trabalhador (versão ao vivo) – MC Magalhães

Tchurunanublave............Maroulive
Tchurunanuglanver.........Maroulevre
Vendo Chokito-ô............Marouglive
Tironarublaive............Lalalalá
Vendo bala....................no Trabalho
Vendo Chokito-ô............Magalhanze
Trabalhador-ô.................quele Rap
Euuueuderado................temarada
Vende Bombom-ô..........Magalhanze
Considerado-ô................qualquer parada
Compru barulho-ô...........Magalhanze
Trabalhador-ô..................vendo bala
Tomaram minha caixa.....de bombom-ô
Do serenata....................de amor-ô
Aquele Rap.....................eu trabalho
Considerado-ô.................patabalho
Vou pro coleginho-ô.........César Maia
Quebrou a firma...............César Maia
Todo mundo duro-ô.........Magalhanze
"Agora dança do Magalhães vai lá ôôôô.......Magalhanze"
É quatoquaite..................Maroulive
Tchurunanublaive............Marioklunfer
Cato garrafa....................No Mackenzie
É Magalhanze................Magalhanze
Você trabalha..................Vende Chokito
Tchurunanublaive.............Maroulive
Tchurunalublanve.............lalalalá
Considerado-ô.................me pegaro-ô
Tomaram minha caixa......de bombão-ô
Serenata de amor-ôôô......Magalhanze
A Verdade.......................a verdade
Mando nas mulheres........eu que mando
É eu que mando...............Magalhanze
Você que é o cara............Magalhanze

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Pra lá de Torta – O dia que a ECO acabou com uma das principais atrações do Guapo Loco – Parte 1

Leandro Godinho... se eu pudesse definir o cara em uma frase, diria: um sujeito de inclinado a uma vida de excessos. Rapaz de uma eloqüência ímpar, bebedor inveterado e sempre cercado dos piores tipos à sua volta. O que esperar do aniversário do Godinho em uma festa chamada Terça Torta que acontecia no Guapo Loco?

O esquema era o seguinte: o sujeito pagava uma bagatela humilde e rolava de tudo liberado até a meia noite. Já imaginou? Eu não bebo, mas era festa, era aniversário do Godinho, meu camarada, o local estaria recheado de calouras e não calouras, fora o fato de que bêbados me divertem.

Cheguei na parada já era pouco mais de 23h30 e já estava bem cheio – o que não é difícil, aliás. Cumprimentei geral, mas senti falta do aniversariante.

O cara nem estava escondido, estava num lugar bem evidente, até. Godinho se encontrava sentado, com o cotovelo encostado na mesa, cabeça arriada e transpirando como um porco, com um copo semi-cheio ao seu lado. “Mas já?!?!?! Porra, Godinho!!” foi o que eu disse, mas seu estado só permitiu que levantasse seus dois dedos em sinal de V, como lhe é característico. Nem a cabeça levantou.

De pé ao seu lado estava Vivi (pasmem), surpreendentemente sóbria. Sério, tão sóbria quanto eu.

Um pouco mais sobre Vivi
Vivi tinha tudo pra ter sido nossa caloura, mas preferiu estudar no Brizolão. Ta... ok, não posso enfiar as coisas boas da vida pela goela abaixo de quem não quer.

Vivi entraria na ECO no semestre de 99/2. Com ela, trouxe Karem (figuraaaaaaaaça) e Larriza (Ah... Larriza...) e com ela levou Karem e Larriza para o Brizolão. Mas o fato é que, afora as poucas vezes que nos vimos pelos corredores da ECO, sempre na companhia das amigas, Vivi era articulada, porém discreta.

Sua verdadeira face se mostrou numa ocasião em que saiu com Dudu, Alonso e Christiano. Como eu não estava presente, vou deixar essa história para quem quiser contar, mas o fato é que, a partir de então, não consigo me referir à Vivi sem que a seguir venha o epíteto “Cachaça”. E não só isso. Desde então, todas as Vivis que eu conheci ganharam esse epíteto, graças a ela. Com uma, inclusive, tive uma certa indisposição porque não sabia que o pai da mulher era alcoólatra. Foi uma merda.

Mucho Locos
Do cumprimento ao aniversariante em diante uma série de acontecimentos bizarros se sucederam.

Vou para a pista e recebo um abraço caloroso de Larriza, com a exclamação “Leeeeeeeeeo!!”. Larriza estava pra lá de Bagdad: olhinhos baixos, sorriso fácil e molenga, e procurava se livrar de um mala que estava atrás dela – doidona, mas dona de suas vontades, acima de tudo. Abraço dado, a beldade volta para seus amigos do Brizolão.

Christiano me aborda:
- Cara! Vai pegar a Larriza?!
- Cara, pelo amor de Deus, a mulher ta doidona! Chegar assim é até covardia.
- Que isso, Leo?! O guerreiro não perdoa, tu sabe disso.
- Pó, Chris... sei lá, cara. Não acho legal. Ela é foda, mas assim não é legal com ela.
- Mas é legal contigo, porra!!! Pega, rapá!

Saí dali meio com meus princípios e hormônios em crise de relacionamento. Fui dar uma volta e dar uma chance pros meus hormônios e nessas encontro Vivi.

- Vivi, cadê Larriza?! Esse lugar é um ovo e não a encontro.
- Ih, rapaz. Larriza passou mal e já levaram ela embora, tadinha.
- Puta que pariu...

Já que estava perto do abarrotado bar, fui (tentar) pegar uma Coca-Cola. Na minha frente, uma porraaaaaaaaada de gente, mas duas meninas me chamaram atenção. A julgar pela inexperiência, eram calouras, pelos atos, estavam cheias de cana. Uma delas, esticava o braço e dizia com voz vacilante e semi-dormente: “Eu quero uma frozen! Uma frozen, porra!”, mas ninguém ouviria aquilo. Então, pedi uma frozen, entreguei em sua mão (ela nem agradeceu) e voltei a tentar meu refrigerante.

Peguei o lance e saí, mas elas ainda estavam ali. Parecia que tinham andado menos a distância de uma régua de 30 cm em relação ao lugar onde estavam quando lhes entreguei a merda da frozen. Estavam tentando subir as escadas rumo ao banheiro – que, de fato, estava tumultuada, mas o real motivo daquela demora toda estava a uma olhada mais atenta de distância: a caloura da frozen tinha vomitado no cabelo da amiga, que, doidona, nem percebeu.

A caloura: Marcela
A amiga: Letícia

Continua...

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Acredite se puder

Primeira semana de aulas é sempre uma parada diferente. Ainda mais em tempos de faculdade. Sabe como é... galera ficando adulta, experimentando os primeiros ares da independência, sexualidade na ponta dos cascos, mulherada já consciente de que já está na hora de dar mesmo e sem aquela preocupação do que os outros. Da rapazeada eu nem vou falar porque, em nós, a vontade de trepar, na maioria dos casos, chega antes do sujeito aprender a falar. É só ver uma das primeiras palavras que o bebê homem diz é "mamá" e depois que aprende, não pára mais de pedir pelas tetas da mãe.

Mas voltando: é esse cenário de extrema ebulição sexual que se apresenta sempre que um novo semestre se inicia e novas calouras adentram as arcadas neo clássicas da ECO. Entre arrozes, Djavans, playboys e manés, é todo mundo querendo tirar casquinha de alguma novata, se aproveitando da onda que é ser veterano (yeah... right).

Entre tantos episódios que marcaram a entrada dos calouros de 99-1, nossos primeiros calouros portanto, um foi um tanto quanto curioso. Uma daquelas cenas que você JAMAIS vai ver novamente, porque... porra... porque... ah, porra... porque não vai.

O colega Eduardo

Nessa época, o Dudu ainda era Eduardo Pink Floyd. Tá, ok... Que merda de forma de reconhecer uma pessoa é essa? Eu sei, é uma merda, mas eu só conhecia o cara das partidas de sueca no IFCS e de algumas reuniões preliminares do Mãe da Foca. Isso é tudo culpa do André, que se referia ao cara dessa forma, fazer o que.

Conhecia pouco o cara, mas a idéia que eu tinha era a seguinte: sujeito boa praça, ligeiramente radical, bom papo, convicções fortes e essencialmente um cara rock and roll. Daqueles caras que cospem na cara da rainha, esculacha tudo aquilo que for lixo musical e não têm papas na língua meeeeeesmo. Três referências eram importantes: Pink Floyd (não só pelas merdas que o André fala, mas pela camisa surrada e manjada que diz I Hate Pink Floyd), punk rock e Iron Maiden.

Sentiu a cena? Pois bem... adiante.

De volta ao Sujinho

Era quinta-feira. Os calouros já começavam a se ambientar e o ranso do trote já iam ficando pra trás. Terminada aquela tarde, geral pro Sujinho beber e nessas vagabundo já vai descobrindo as calouras que bebem e que vão acabar virando parceiras de copo de um e de outro.

Nos vários grupos que se espalhavam pelo Sujo, um chamava atenção. São vários homens, entre calouros e veteranos de diversos períodos. Me lembro de ver Eduardo, Christiano, Eric, David, Fasano, Alexandre, e mais um sem número de inexpressivos anônimos ao redor de uma única caloura: Joema. Ah, Joema...

Não vou entrar nos detalhes de quem é Joema (ah, Joema...) porque ela merece um tópico especial e ele terá seu momento. Por hora, basta saber que Joema é uma baiana de fala suave, cabelos lisos, finos e loiros (na época), sorriso fácil, rosto delicado e um corpo que Deus que me perdoe.

Papo vai, papo vem e, como não se pode falar em futebol com uma mulher daquele naipe presente sob o risco de ela trocar de rodinha, algum infeliz resolve falar de música. Sabe como é... tá na hora de ver afinidades e tentar alguma coisa, vai que ela diz que gosta de Djavan. Entre ditos e não ditos, Joema me larga que, como boa (e põe boa nisso) baiana, gosta de Axé.

Houve murmúrios de aceitação (quem não aceitaria aquela opinião?) e concordâncias moderadas do grupo. Do além surge uma voz um tanto quanto familiar que diz: "Pois é... eu gosto da Ivete. Ivete é legal e tal." Todos ali poderiam concordar e até dar ênfase àquela opinião, menos ele, menos Eduardo Pink Floyd. Puta que pariu!

Alguma vez na vida, você já esteve diante de um copo de suco de maracujá, bem bonito, amarelinho, consistente e pedindo pra ser bebido? Você veio de uma partida de futebol e está morrendo de sede, o copo sua e tal. Você pega a colher, mistura 3 porções de açúcar e bebe. Só que, ao invés de açúcar, você, animal, colocou sal naquela merda. O cara leva alguns instantes imerso numa sensação que pode se comparar à catatonia e, antes mesmo de perceber o gosto de merda que tem na boca, ele ainda tem tempo de pensar um ligeiro "Puta merda". O nome disso é dissonância cognitiva e foi precisamente essa sensação que todos naquela roda experimentaram ao ver o Dudu, logo ele, com a cara mais lavada do mundo, dizer que aprecisava o bom som da coxuda Ivete Sangalo.

Nesse momento, ele se mostrou ser um sujeito digno de todas as honras do clube dos canastras.

domingo, 2 de março de 2008

O primeiro de todos os atos

Quarta-feira

O destino era a Ilha do Fundão. Era de manhã e Deus sabe como é uma merda pra mim essa coisa de acordar cedo. Não conhecia direito o Rio de Janeiro, quanto menos a Ilha, mas tinha que ir lá, afinal era o primeiro ato de muitos que viriam adiante: a oficialização do meu vínculo com a universidade. Orgulhoso, Sr. Pinho não se esquivou à tarefa de me conduzir até lá.

Era uma quata-feira, 28 de janeiro, e na longa fila que me esperava, o tempo ocioso não nos deixa muita alternativa, senão observar o que acontecia em volta. O U2 tinha tocado na noite anterior no autódromo Nelson Piquet e na enorme fila de novos calouros que se formava, não era incomum rostos exaustos, baleados da ressaca e algumas cabeças com faixas promocionais da Tour Pop Mart.

Na minha frente, tinha um sujeito baixo, branco, sardento, sorriso deslumbrado e que não parava de falar. Era o típico calouro que via a realização de um sonho e isso estava estampado na sua cara, só que eu não precisava ficar ouvindo toda aquela conversa e fazendo cara de simpático. O maluco até era gente boa, mas o meu azar foi que, a primeira pessoa da faculdade que eu conheci era um mala sem alça nem ziper.

Entre uma abobrinha e outra que eu ouvia do mala, pude perceber que 3 sujeitos vinham em direção aos calouros para darem aquela sacaneada. "Puta merda... mas será que esses veteranos não tëm mais o que fazer?". Eram duas meninas e um cara de cuja masculinidade eu podia desconfiar naquele momento. Sei lá, né... parecia aquele tipo de garoto que eu conheci na infância que não gostava de jogar bola e preferia brincar de queimado, alerta e por isso ficava mais próximo das meninas. Vim a descobrir que seu nome era Cid quase um ano mais tarde e vi que estava errado - hehehe.

Mas voltando... os 3 veteranos escolhiam a dedo os calouros a sacanear e faziam o que podiam para envergonhá-lo. Tá certo que não tinham lá grande talento para a coisa, mas não era eu o cara que queria passar o constrangimento de ficar envergonhado pelo papelão que eles estavam fazendo e, na realidade, eu tinha lá a minha certeza de que não era em mim que eles viriam. Há uma coisa que eu propositadamente deixei de comentar sobre a mala falante que estava na minha frente: ele era ruivo (sentiu meu drama?).

Era ÓBVIO que eles iriam em cima do (já) Ruivo Hering, e de fato foram. Fizeram algumas brincadeirinhas meio sem graça com o pobre do mala, deram apelidinhos mil, deixaram o jovem sem graça e foram embora, me deixando pra trás - eu, esse rapaz regularmente pigmentado, tipicamente brasileiro - deixando uma benesse: um ruivo calado e embaraçado.

Jurei pra mim mesmo que um dia estaria lá esperando meus calouros e fazendo algo realmente constrangedor com eles, mas essa já é uma história para outro post.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

A mim não engana

Era uma tarde chuvosa de terça-feira.Não chovia, mas o tempo tava úmido, nublado e a havia aquela sensação de que a chuva era uma simples questão de tempo.

Terminada a aula de Psicologia da Comunicação, não restava muito o que fazer por lá. Na época, eu não era de ficar na ECO até não poder mais - ainda não tinha me ligado no quanto aquilo poderia ser divertido - então, terminada a aula da professora Fernanda, (peguete do Paulo Vaz e que, se não era um fenômeno de mulher, ao menos tinha seu charme) peguei minhas coisas e ralei peito.

Deixei as arcadas neo-clássicas da ECO ao lado daquele que, mais tarde, seria conhecido de toda a nata da sociedade carioca como Dedé, mas até então era só mais um dos tantos Andrés que faziam parte da galera 98/2.

Era primeiro período, pessoas se conhecendo e os papos, mais do que nunca, giravam em torno dos novos e tantos colegas. O papo que se desenrolou ao longo da Av. Pasteur, sentido Rio Sul foi o seguinte (começando comigo):

- Legal que a galera tá se enturmando rápido, né, cara?
- É verdade. E isso porque a parada só está começando.
- Pode crer, mas vou te falar uma parada... Mermão, nunca estudei com tanto viado junto.
- Hahahaha. Pode crer, mas faculdade de comunicação é assim mesmo.
- Pois é, mas 3 só no nosso período é cruel.
- Ué? Três!? Olha, um eu sei que é certo e tem mais um em que rola uma seríssima desconfiança, mas é meio que certo também, mas o terceiro eu não sei quem é não.
- Então vamos lá: o que é certo é o Huguinho, correto?
- Isso. Esse aí não rola dúvida.
- O outro é o Zezinho.
- Isso mesmo. Até aí, ok.
- O terceiro é o Luizinho, porra!(se você não entendeu, os nomes reais foram preservados porque hoje essas são pessoas sérias, bem empregadas, freqüentam cruzeiros gay pelos mares do norte, mas não se sabe se eles admitem abertamente as razões pelas quais nunca conseguiram trabalhar na Mabel).

André faz cara de intrigado.

- Não, cara... que isso!! O cara tá pegando uma menina da faculdade. Nada a ver.
- André, vai por mim, rapaz.
- Nada, cara. O cara não é viado não. To falando pra você. Sei lá... de repente é o sotaque dele. O cara não é do Rio e você deve estar estranhando. É só a forma de falar.
- Valeu, André. Hehehehe. Qualquer hora dessas a gente volta a esse assunto e vamos ver se a sua opinião vai ser a mesma. heheheh

Não voltamos especificamente a esse assunto, mas hoje acho que nem precisa mais.

domingo, 10 de fevereiro de 2008

Só a primeira

20h

- Olha só, Leo... faz o seguinte: o ônibus que você pega passa na Central?
- Cara, não sei. Acho que passa sim, mas não tenho certeza. Sabe a esquina da Avenida Passos?
- Pô, cara... se o seu ônibus entra na Passos, ele passa na Central com certeza, com certeza. Então vamo combinar às 10h30 na Central, porque é mais tranqüilo. Na esquina da Passos é meio perigoso.
- Ah... e na Central, às 10h30 da noite é tranqüilo pra caralho... Cê tá de sacanagem, né? Mas assim... na altura da Central, mas no outro lado da Presidente Vargas, né? Sentido Zona Sul.
- Isso, isso... Dez e meia lá, beleza?
- Tranqüilo.
- Um abraço.
- Abraço.

21h15

Esse foi o combinado por telefone. Era a primeira festa que a gente teria na faculdade. A Econnection não era bem nossa (calouros), era de toda a faculdade, mas como estávamos entrando na parada, nada mais natural que fôssemos os mais empolgados. Então, ao lado da (sempre presente) arrozada, fomos os que mais aderimos à ocasião.

Ingresso comprado com antecedência, garantia de que boa parte do pessoal estaria presente e, àquela altura, até carona já estava certa. Só restava chegar na hora no local combinado e não deixar o cara esperando porque, porra... mó vacilo. Imagina deixar o rapaz parado na Presidente Vargas, às 10h30 da noite, sem ter onde estacionar. Queimação não, hein! O maluco já está sendo camarada de fazer esse favor, o mínimo que eu poderia fazer era me adiantar e garantir que o cara não fosse ficar me esperando. Para isso, eu precisava chegar um pouco antes.

O 730-D demorou uns 20 minutos pra passar e, naquele momento, aquilo significava que eu estaria no local combinado lá pelas 10h15 (perfeito - vai que o cara se adianta e chega antes). Dito e feito: dez e quinze o ônibus apontava na Presidente Vargas e eu avistava o prédio dos Correios - tá na hora de descer.

Eis o quadro: já passava das dez de uma terça-feira e eu estava sozinho no meio da Presidente Vargas. Do outro lado, a Central, iluminada e com algumas almas aguardando suas conduções para casa. Nada que me tranqüilizasse tanto assim. Sabe como é... é tanta coisa que a gente lê, ouve e assiste nos telejornais. Será que o maluco demora?

Se eu ainda tivesse um celular... Talvez tivesse sido melhor mesmo ter chegado em cima da hora. O cara, ao menos, está de carro e não ia ficar em pé aqui, exposto. Pô... 10h30. O cara já deve estar chegando. Fica frio. Olha prum lado... nada. Olha pro outro, nada além de uns garotos com suas caixinhas de balas. Mas o que é que essa gente faz por aqui a uma hora dessas!? Eu hein...

Porra... 10h33. Parece que já se passaram 90 minutos...

10h34
10h35
10h36
...
10h45
10h46
10h47

Caralho, maluco!! Cadê esse corno!? Na boa, a primeira coisa que eu vou fazer quando chegar em casa, é dizer que eu PRECISO de um celular. Puta que pariu! Mas tá tranquilo. Não parece que vai acontecer nada por aqui mesmo. De repente o cara teve algum imprevisto. vai que o carro quebrou, vai que ele teve que pegar mais alguém no caminho. Sei lá... sacanagem pensar assim também. Ele já vai chegar.

10h50
10h55
11h00

- Moço! Oi! O senhor sabe que ônibus eu pego pra Copacabana?
- Pega o 455.
- O senhor sabe se ele passa na Bunker?
- Hein?!
- (pfffffffffffff) Valeu! Obrigado!

Será que o cara foi direto pra Bunker?! Que filho da p***, mermão! Isso que dá marcar as paradas com playboy. Em Niterói ou na Ilha, é tudo a mesma merda.

Era 11h10, quando uma Parati preta liga a seta e encosta. E essa foi a primeira vez que eu vi o André juntar as mãos (em sinal de "amém") e fazer cara de "Me desculpa". Só a primeira vez.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Era só mais um Silva

Na tarde dessa quinta-feira, fiz um desafio simples ao Alexandre. Perguntei pra ele: "Alexandre, você é sinistro mesmo? Se eu te fizer uma pergunta sobre a ECO você responde?". O retorno dele veio de bate-pronto "Sei tudo de ECO". Então, lá se foi a questão: Complete o refrão:

'Era só mais um Silva, que a estrela não brilha...'

"Que agonia! Eu sei, mas não estou lembrando a letra! É... é com o Longuete... não, caralho... É coisa de Enecom! É de Brasília? Bruguello's? Era só mais um Silva que a estrela não brilha... alguma coisa no Enecom de Brasília..."

Bom, então vamos dar início a essa joça. Para isso, nada mais justo do que abrir esse espaço com o tema que motivou sua criação.

Era tarde de domingo, dia normalmente morto, mas em Enecom, é só o começo de uma saga. Bicho solto, milhares de metros quadrados de segundas intenções latentes e prestes a se encontrarem (para o bem de todos e felicidade geral dos futuros comunicadores de uma nação, vamos combinar). É normal que esse quadro potencialize certas características de alguns e deslumbre outros tantos.

Caminhava eu pelos gramados do câmpus da Puc de Taguatinga, quando vejo ao longe um grupo de empolgados ecoínos, entoando um canto um tanto quanto familiar, porém com alterações importantes. Lá estavam dois veteranos véios de guerra, Márvio (o etérno âncora), Bebê (sempre metido em situações como essa), e dois calouros deslumbrados com as possibilidades que só um Enecom pode abrir na vida de um estudante: Feto e Leo Ribeiro.

Leo é um crioulo de 1,50m de altura, gente boa até, mas que, como todo crioulo, não sabe a medida do seu espaço. Ele já era o terceiro zé mané do clã Tudesco que eu conhecia - um já é demais, imagina 3 - e chamava atenção pelo nível de empolgação que tomava conta daquela alma (tudo isso para acabar pegando a Débora).

"Preto é uma merda", pensei e segui o meu caminho. O problema foi que eles me viram e, por influência do Bebê, vieram na minha direção, cantando aquele que seria o grande refrão daquele Enecom e até hoje a letra não foi esquecida. Recordem a letra. Som na caixa, mané:

"Era só mais um Silva, que a estrela não brilha
Ele perdeu a linha no Enecom de Brasília
Era só mais um Silva, que a estrela não brilha
Ele perdeu a linha no Enecom de Brasília

Ele era um bom estudante
Tinha um CR alto
Foi procurar diversão
No Enecom do Planalto

Encheu a cara direto
Caiu quase todo dia
Tentou encarar a umidade
Mas acabou numa fria

Dormia sempre ao relento
E só pegava dragão
Morreu no alojamento
Por falta de hidratação"